Algumas marcas inquisitoriais do Código de Processo Penal brasileiro e a resistência às reformas

Autores

  • Nereu José Giacomolli PUCRS

DOI:

https://doi.org/10.22197/rbdpp.v1i1.8

Palavras-chave:

PROCESSO PENAL, IDEOLOGIA, MARCAS INQUISITORIAIS

Resumo

O perfil inquisitorial do modelo processual penal brasileiro encontra ambientação ideológica na década de quarenta, a qual reflete, por sua vez, a ideologia europeia da década de 1930. O CPP foi gestado em plena ditadura do Estado Novo, com forte influência do Código Rocco italiano, de inspiração fascista. As marcas deste perfil criaram raízes na legislação ordinária, na doutrina, na jurisprudência, no ensino jurídico e na política criminal. Entre as marcas desta raiz inquisitorial estão a possibilidade de o magistrado agir de ofício, assumindo funções da acusação, podendo requisitar a investigação, reconhecer agravantes sem que estivessem descritas ou tivessem sido postuladas, podendo condenar, mesmo que o Estado-acusação tenha pedido a absolvição. Nas reformas parciais do CPP persistiram perspectivas incompatíveis com o modelo constitucional e convencional do processo penal. O artigo faz uma ambientação histórica, cultural e política da década de quarenta e mostra as marcas do perfil inquisitorial do proces- so penal brasileiro e as resistências às reformas. 

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Biografia do Autor

  • Nereu José Giacomolli, PUCRS

    Doutor em Direito Processual pela Universidad Complutense de Madrid, pós-doutor pela Università degli Studi di Torino, professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde leciona na graduação, no mestrado e doutorado em Ciências Criminais e na Escola Superior a Magistratura do RS. Um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Direito Processual Penal (IBRASPP). 

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Publicado

31.03.2015

Edição

Seção

Fundamentos de Direito Processual Penal

Como Citar

Giacomolli, N. J. (2015). Algumas marcas inquisitoriais do Código de Processo Penal brasileiro e a resistência às reformas. Revista Brasileira De Direito Processual Penal, 1(1). https://doi.org/10.22197/rbdpp.v1i1.8